Quem sou eu

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Formação - parte 2

Para que a nossa música seja forte e eficaz é extremamente necessário que tenhamos total intimidade com o divino, com o sagrado, é totalmente indispensável que nossa música tenha unção, que o Espírito Santo nos acompanhe.O poeta Fernando Pessoa talvez não imaginasse,mas em um dos seus poemas nos descreve a eficácia e o que acontece quando se tem unção, veja:
Cessa o teu canto,
Cessa, porque enquanto o ouvi
Ouvia uma outra voz
Que vinda dos interstícios do brando encanto com que teu canto vinha até nós
Ouvi-te e ouvia Juntas e diferentes a cantar
E a melodia que não havia
Se bem me lembro me faz chorar
“Cessa o teu canto”, veja, é como se o poeta dissesse: olha, cessa, oteu canto não é a “coisa”, mas quando te ouvia, ouvia aquilo que você cantava e ouvia uma outra voz, que vinha dos interstícios ou seja, dos espaços do brando encanto com que seu canto vinha até nós. Então, existe o brando encanto, existe a bela voz ou um belo tocar, mas o poder não está na voz ou nos instrumentos, mas está nos espaços, na outra voz que vinha no silêncio, mas que voz é essa?.Só posso pensar no espírito Santo, no canto com unção no qual eu sou apenas um instrumento onde o meu cantar nada importa a não ser que seja simplesmente instrumento para que essa “ outra voz” chegue aos corações.
Amigo músico, é preciso entender e assumir isso em nosso ministério.gostaria de partilhar com você aquilo que assumi como carro chefe do meu ministério e o convido a tomar para si também. É o que São Paulo nos diz na segunda carta aos Coríntios capitulo 4 e versículo 7. Ora, trazemos esse tesouro em vasos de barro, para que todos reconheçam que este poder extraordinário vem de Deus e não de nós. De nada adianta o canto maravilhoso, o instrumento bem tocado se o nosso coração não está em harmonia com o coração de Deus. É preciso não nos preocuparmos com a nossa aparência, nosso “ status”, pois já dizia o poeta Martin Valverde: O que se perde de fama na terra, se ganha de eternidade no céu. Amigo, não busque a fama, busque a eternidade.

Formação - parte 1

Não tenho a ousadia de chamar de “formação para músicos”, (quem sou eu?), apenas gostaria de compartilhar com você, querido músico, alguns ensinamentos, experiências e podas que já sofri em minha caminhada enquanto ministro de música. Contém nessa apostila um resumo de tudo o que li, que recebi de informação e que experimentei, portanto, nada é meu do que está escrito, porque até o que é meu foi Deus quem me deu junto com meu ministério. Aqui tem muito do outono do meu ministério, onde muitas folhas tiveram que cair( e ainda caem), para florescer em uma linda primavera. Espero que aproveite e que te ajude a aperfeiçoar o seu ministério. Deus Abençoe.
"A liturgia, que é a alegria do homem e que revela a glória do Senhor, não pode encher um coração que não foi primeiro humilhado e esvaziado pelo amor."
A participação do músico
Participar quer dizer “tomar parte”,ser participante. Então, participação na liturgia significa tomar parte na Liturgia como um todo, naquilo que ela realmente é, não apenas em sua expressão significativa ou nos ritos. O concílio vaticano II promoveu a reforma de toda a expressão da liturgia, tornando-a mais compreensível, para que o povo de Deus pudesse participar de maneira Frutuosa ou Eficaz da sagrada liturgia. Para que possa ser eficaz, isto é, real, este serviço de salvação e de glorificação de Deus, a participação deve ser consciente, ativa e plena. Para que seja consciente, é necessária a formação litúrgica.Os cristãos devem saber o que celebram. A segunda condição para que a celebração cristã seja eficaz, produza frutos de conversão e de boas obras é a participação. No Brasil, incorreu-se num grave engano nos primeiros anos que se seguiram ao Concílio Vaticano II. Reduziu-se a participação à participação falada, à participação oral. Até hoje temos falação demais na liturgia. Ora, a gente participa ativamente, pelo ouvido, na escuta da Palavra de Deus, acompanhando, em silêncio, as orações presidenciais, ouvindo um canto a mais vozes.
Finalmente, o Concílio pede que a participação seja plena.Isso significa “de corpo e alma”,com todo o seu ser e agir, com tudo que somos e temos. Particularmente no ministério de música devemos tomar muito cuidado pois, aproveitamos os momentos em que não estamos tocando ou cantando para conversar, sair da Igreja, mandar mensagem pelo celular,( parece brincadeira mas acontece) quando na realidade ser ministro de música é participar da liturgia não só quando tocamos um acorde no violão, aliás, o silêncio também faz parte da música. Segundo Adélia Prado, uma das mais renomadas escritoras brasileiras, em um encontro sobre canto e liturgia realizado em Aparecida, defendendo com esmero as celebrações litúrgicas com beleza, “tem algumas celebrações que a gente sai da igreja com vontade de procurar um lugar pra rezar”, frente a tantas coisas que empobrecem o momento celebrativo . “ O canto barulhento, os instrumentos ruidosos, os microfones altíssimos, não facilita a oração, mas impede o espaço de silêncio, de serenidade contemplativa”. A beleza de uma celebração e de qualquer coisa, a beleza da arte, é puro silêncio e pura audição.” A palavra foi inventada para ser calada. É só depois que ela se cala que a gente ouve”. O que Adélia nos sinaliza é que parece haver um horror ao vazio, pois ninguém para um minuto sequer dentro da celebração. Continua: “não há ninguém que se acerque com maior reverência do mistério de Deus do que o próprio povo”. Como oferecer para esse povo uma músicas sem unção, orações fabricadas? Barateou-se o espaço do sagrado e da liturgia “ com letras feias, com musicas feias, comportamentos vulgares na Igreja. Uma liturgia é bela quando carrega em si harmonia e unidade, traduzidas nos gestos e nos símbolos, nas palavras e no silêncio, no canto e na música que tocam o coração. Uma liturgia é bela quando desperta em nós e nos favorece o desejo profundo do encontro com Deus na pessoa de Jesus. A música e o canto litúrgico, como elementos integrantes da celebração, consistem, portanto, meios privilegiados de oração e participação, devendo ter caráter sagrado, por estarem a serviço do divino mistério celebrado na liturgia. Um canto será tanto mais litúrgico e evangelizador quanto mais fiel se mantiver à sua natureza. A música sacra será tanto mais santa quanto mais intimamente estiver unida à ação litúrgica.
A música é bela quando exerce sua função ministerial, que é dar beleza à celebração,solenizar a liturgia e unir numa só voz o coração da assembléia. Diante do desaparecimento da beleza, decoro (decência) e elegância estética no culto cristão, diante  da perda da sensibilidade do sagrado e da ausência do espírito de adoração e respeito, ficam então algumas ponderações:
O canto deve ser ungido e orante e buscar nas fontes bíblicas e litúrgicas sua inspiração. Falta muita qualidade musical e poética aos nossos cantos.
Não bastam o louvor externo e formal, a observância de meras rubricas, os gestos e ritos bem executados e até bonitos, porém mecânicos, e celebração apenas conforme à normas litúrgicas: se falta espiritualidade.
A liturgia nos precede e nos ultrapassa, é maior do que nós e,portanto, mais obra de Deus que nossa.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Só de sacanagem

Vale a pena parar e pensar...


Só de sacanagem

Meu coração está aos pulos
Quantas vezes minha esperança será posta a prova?
Tudo isso que está aí no ar
Malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro
Do meu dinheiro, do nosso dinheiro
Que reservamos duramente
Para educar os meninos mais pobres que nós
Para cuidar gratuitamente da saúde deles, dos seus pais
Esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade
E eu não posso mais
Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?
É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz
Mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros
Venha quebrar no nosso nariz
Meu coração está no escuro
A luz é simples
Regado ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó
E os justos que os precederam: “NÃO ROUBARÁS”
“Devolva os lápis do coleguinha”
“Esse apontador não é seu, minha filha”
Pois bem, se mexeram comigo
Com a velha e fiel fé do meu povo sofrido
Então agora eu vou sacanear
Mais honesta ainda eu vou ficar
Só de sacanagem
Dirão: “deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo mundo rouba”
E eu vou dizer: “não importa, será esse o meu carnaval”
Vou confiar mais e outra vez
Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos
Vamos pagar limpo a quem a gente deve
E receber limpo do nosso freguês
Com o tempo, a gente consegue ser livre, ético e o escambal
Dirão: “é inútil, todo mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal”
E eu direi: “não admito, minha esperança é imortal”
E eu repito: “ouviram? IMORTAL”
Sei que não dá pra mudar o começo
Mas, se a gente quiser
dá pra mudar o final!

Elisa Lucinda


Simplesmente fantástico !!!!!!